Instituto Ivoti - Schola semper reformanda

A cada dia aumenta a oferta de curas no mercado religioso. Chega a haver uma espécie de competição entre algumas denominações religiosas. Quanto mais espetaculares as curas que realizam, tanto maior o número de seus seguidores. Isto está gerando dúvidas e incertezas na cabeça e no coração de muita gente. Recentemente, uma senhora me dizia: Pois é, pastor, em meio ao sofrimento, a gente tenta de tudo e se agarra a qualquer fio de esperança. Pessoalmente não duvido que possam acontecer curas milagrosas. Não só em igrejas pentecostais e carismáticas. Também em comunidades tradicionais, pessoas experimentam cura. Creio que o poder de Deus ainda hoje atua entre nós como atuou nos tempos bíblicos. Que sejam gratas aquelas pessoas a quem Deus concede tal graça. Porém, o que acontece com aquelas inúmeras pessoas que esperam ansiosamente por um milagre e que não são atendidas? Não teriam elas motivo suficiente para se sentirem abandonadas e esquecidas por Deus? Em primeiro lugar, precisamos clarear o que significa "cura". Muita gente acha que cura é um fato milagroso que acontece duma hora para outra, e cujo resultado a gente pode sentir e todos os demais podem ver. Na verdade, existe aqui o risco de se confundir cura com milagre. Nem sempre o milagre da ajuda divina exterior resulta em cura verdadeira. O caso dos dez leprosos (Lucas 17.11-19) ilustra isto. O milagre exterior foi concedido aos dez, mas apenas aquele um samaritano que voltou para agradecer a Deus experimentou cura no sentido mais profundo. Nele aconteceu mudança de vida e de relacionamento com Deus. Eis porque Jesus se dirigiu a ele e disse: "A tua fé te salvou". Por outro lado, pode haver ajuda divina sem que haja milagre exterior. É o caso pessoal do apóstolo Paulo. Ele diz que lhe foi posto um "espinho na carne", possivelmente um doença incurável. Por três vezes, pediu a Deus por um milagre que o curasse. No entanto, a resposta que recebeu foi: "A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza". Assim, nem sempre o poder e a graça de Deus vêm a nós de modo extraordinário e no sentido duma cura física. A graça e o poder de Deus podem agir silenciosamente, assistindo-nos em nossa dor e dando-nos a força necessária para carregar nossa cruz. Portanto, não ser curado de forma milagrosa não significa que estejamos sendo esquecidos por Deus. Às vezes, o verdadeiro milagre consiste não em sermos curados, mas em encontrarmos força e esperança para continuar vivendo, apesar das dificuldades e dos sofrimentos. Esta experiência, por mais difícil que seja, pode nos levar a uma relação mais profunda com Deus e ainda servir de alento e inspiração para outros que sofrem.

Semente de Esperança